Novo filme de Manoel de Oliveira é "uma reflexão sobre a humanidade"
O realizador Manoel de Oliveira descreveu o mais recente filme, O velho do Restelo, como "uma reflexão sobre a Humanidade", numa entrevista à publicação norte-americana Variety.
Manoel de Oliveira, prestes a completar 106 anos, deu uma curta entrevista por escrito à Variety, a propósito da exibição da curta-metragem no Festival de Cinema Mar del Plata, que decorre na Argentina até ao dia 30.
"Enigmática, com uma inquietante banda sonora composta por José Luís Borges Coelho, esta curta-metragem foi despida até ao tutano da realização - a discussão entre quatro personagens -, mas a sua força reside no poder dos diálogos", escreve o jornalista da publicação, Martin Dale.
Com respostas curtas e secas, Manoel de Oliveira afirma que "com certeza" quer fazer mais filmes, apesar dos seus 105 anos e de O velho do Restelo já ter sido rodado numa altura em que as condições de saúde pioraram.
O velho do Restelo, que terá estreia em Portugal a 11 de dezembro - dia do 106º aniversário - reúne num banco de jardim do século XXI personagens e escritores históricos: Dom Quixote, Luís Vaz de Camões, Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco.
O filme é baseado em partes do livro O Penitente, de Teixeira de Pascoaes, e o argumento é do cineasta.
Questionado sobre se a curta-metragem era uma reflexão sobre Portugal e a sua história, Manoel de Oliveira explica que "é muito mais do que isso. O filme é uma reflexão sobre a Humanidade".
No filme, rodado em abril no Porto, num jardim próximo de casa, as quatro personagens são interpretadas por Luís Miguel Cintra (Camões), Ricardo Trepa (Dom Quixote), Diogo Dória (Teixeira de Pascoaes) e Mário Barroso (Camilo Castelo Branco).
A inclusão de cenas de outros filmes dele nada têm de intencional revisitação da filmografia: "Foram usadas por causa das ligações a O Penitente".